🌿 Quando a risada vira silêncio
🕊️ Hoje faz um mês desde que minha tia se foi.
Escrevi esse texto como forma de abraço, memória e presença.
🌿 Quando a risada vira silêncio
Há silêncios que não doem.
Eles apenas escancaram a falta.
Desde que ela se foi, o tempo tem soado diferente, como uma casa que perdeu sua música favorita.
Ela era alegria em forma de gente.
A risada mais gostosa, daquelas que invadem o ambiente sem pedir licença. A rainha do drama, das histórias exageradas, da cervejinha no fim da tarde e da fofoca bem contada, mas sempre de olho no nosso prato.
"Filhinha, você já comeu?"
Essa era a pergunta que vinha antes de qualquer abraço.
Porque ela era isso: colo disfarçado de festa.
A que cuidava enquanto ria. A que dançava com um olho no som e o outro nos “filhinhos”, como ela dizia.
A gente achava que ela era eterna.
E talvez seja. De um outro jeito.
Mas agora tem um silêncio onde antes havia gargalhada.
E no silêncio, mora o medo.
Será que ela sabia o quanto era amada?
Será que eu disse “eu te amo” o bastante?
Será que ouvi o que ela queria me contar?
Será que fui presença ou apenas passagem?
A ausência deixa perguntas demais. E respostas de menos.
Mas há uma coisa que o tempo não levou: a lembrança do som da voz dela.
Eu ainda escuto, quando o tempo respira devagar.
E, nesse compasso, consigo continuar.
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