Um, Nenhum e Cem Mil, de Luigi Pirandello
"Quantas versões de mim existem no olhar do outro?"
Ler Um, Nenhum e Cem Mil é como entrar num espelho rachado e descobrir que cada pedaço reflete um "eu" diferente, nenhum deles exatamente verdadeiro, mas todos reais o suficiente para existir no olhar do outro.
A narrativa começa com algo banal, uma observação sobre o nariz do protagonista, e daí despenca para o abismo da identidade. Moscarda, o narrador, descobre que não é quem pensa ser, e essa revelação aparentemente trivial abala todas as estruturas do seu “eu”. A partir daí, ele inicia uma jornada intensa, inquietante e, muitas vezes, angustiante em busca da verdade sobre si mesmo ou da impossibilidade dela.
"Quantas versões de você existem?"
Pirandello nos convida a uma experiência profundamente filosófica: quem sou eu, se cada pessoa que me vê constrói uma imagem diferente de mim? Seria possível sermos apenas a soma das projeções alheias? Ou somos um vazio, um nenhum e ao mesmo tempo um espelho fragmentado em cem mil?
“A pessoa que os outros veem em mim… eu não a conheço.”
Este romance é um verdadeiro laboratório existencial. Escrito com ironia e lucidez, ele brinca com as fronteiras entre sanidade e loucura, liberdade e alienação, sendo considerado uma das obras mais radicais da literatura moderna europeia. A escrita, embora fluida, exige do leitor entrega: é preciso deixar-se atravessar pelas perguntas, pelas confusões, pelos silêncios.
Ideal para leitores que se encantam por autores como Kafka, Dostoiévski ou Sartre, este livro é uma espécie de prelúdio do pensamento existencialista, mas com o toque teatral, irônico e tragicômico típico de Pirandello.
“Eu sou um para mim, cem mil para os outros, e nenhum de verdade.”
Ao terminar a leitura, é inevitável: você sairá transformado. Ou, quem sabe, descobrirá que não há um “você” único que termina o livro, talvez existam cem mil. E tudo bem.
“Sou o fantasma de mim mesmo, fabricado pelos olhos dos outros.”
📌 Ficha técnica
Título: Um, Nenhum e Cem Mil
Autor: Luigi Pirandello
Gênero: Romance psicológico, filosófico
Páginas: 256
Leitura: Densa, reflexiva, para quem gosta de mergulhar em questões existenciais.
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