Mrs. Dalloway | Virginia Woolf

 

🌸 Um dia, muitas vidas…

“Mrs. Dalloway disse que ela mesma iria comprar as flores”.

Mrs. Dalloway me atravessou de um jeito diferente. Não é uma leitura fácil, mas é uma leitura viva, cheia de pensamentos, memórias e sensações. O que mais me marcou foi a forma como Virginia Woolf escreve o tempo: tudo acontece em um único dia, mas dentro dos personagens o tempo se desdobra, se fragmenta, se repete. É como se a narrativa respirasse junto com eles.

Clarissa Dalloway, especialmente, me despertou reflexões sobre o que deixamos para trás em nome do que é esperado de nós. Ela parece ser uma mulher em paz com suas escolhas, mas há rachaduras sutis que revelam outra coisa. Me perguntei várias vezes: o que teria sido da Clarissa se tivesse feito outras escolhas? E de nós também, o que teria sido se…?

Também fiquei muito tocada com a figura do Septimus, que traz uma espécie de contraponto trágico à aparente leveza da alta sociedade londrina. A dor dele é como um grito que ninguém escuta de verdade.

No fim, o que Woolf me ensinou foi que a literatura pode ser fluxo, dúvida, silêncio, corte e costura; tudo ao mesmo tempo. E isso é profundamente humano.

Ao final de Mrs. Dalloway, entendi que a vida é feita de segundos que carregam séculos dentro.
É impressionante como um só dia pode conter todas as vidas que deixamos de viver.

E talvez o que Mrs. Dalloway me mostrou, no fim, seja isso:
“Ela amava a vida. Londres. Este momento de junho.”

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