Quando o Amor Deixa de Ser Orgulho
No Dia dos Namorados, somos inundados por flores, cartões e declarações, mas o amor, esse sentimento que tantas páginas preencheu na literatura, nem sempre grita. Às vezes, ele apenas respira. Como no gesto contido de Mr. Darcy estendendo a mão após ajudar Elizabeth a subir na carruagem. Como nos silêncios entre um “odeio você” e um “estou completamente apaixonado por você”.
Jane Austen soube como ninguém retratar as sutilezas do amor. Em Orgulho e Preconceito, ela nos mostra que amar não é apenas desejar, mas aprender. É desmontar nossas próprias defesas, rever julgamentos e perceber que o outro também está se despindo do orgulho, enquanto nós deixamos o preconceito cair, camada por camada.
"Em vão lutei. Isso não adianta. Meus sentimentos não serão reprimidos. Você deve me permitir dizer o quanto eu a admiro e a amo."
No fundo, talvez todo amor verdadeiro seja um pequeno embate entre orgulho e entrega. Entre razão e afeto. Elizabeth Bennet e Mr. Darcy se desencontram antes de se reconhecerem, e quantas vezes também não é assim conosco? Somos rápidos em julgar, em supor, em fugir. E só depois, quando o tempo amadurece nossos sentimentos, é que conseguimos ver com mais clareza.
Neste Dia dos Namorados, talvez a literatura nos lembre que o amor não precisa ser perfeito, nem imediato. Ele precisa apenas ser real. O amor, como os de Austen, exige coragem para olhar para dentro e perguntar: “E se eu estiver errando?”; “E se eu puder amar de um jeito mais inteiro?”
“Você deve aprender um pouco sobre meu caráter. Espero que, ao fim, me julgue de forma mais justa.”
Que amemos com mais humildade e menos vaidade. Com mais escuta do que certezas. Com a paciência dos que estão dispostos a se transformar. E que, como Elizabeth e Darcy, tenhamos coragem de mudar, pedir desculpas, e tentar de novo.
Feliz Dia dos Namorados, com livros, com gestos sinceros e com o tipo de amor que resiste às primeiras impressões.
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