Quando o mundo cabe dentro de uma lente
Carrego na mão mais do que uma câmera. Carrego memórias, silêncios, detalhes que só os olhos sabem contar. O clique não é só som, é respiro, é pausa, é tentativa de congelar o que, no fundo, nunca para: o tempo. E entre uma foto e outra, sigo também tentando fotografar a mim mesma, nas minhas fases, nas minhas sombras, nos meus recomeços.
A fotografia, assim como a vida, é feita de enquadramentos. Tem dia que tudo parece fora de foco. Outros, a luz chega no ponto certo e tudo faz sentido. Nem que seja por alguns segundos. Aprendi que nem sempre dá pra esperar o momento perfeito. Às vezes, é preciso apertar o disparo no meio do caos, do movimento, da dúvida. E, curiosamente, são esses registros imperfeitos que acabam carregando mais verdade.
Fotografar é, no fundo, um jeito de olhar o mundo com mais cuidado. De enxergar beleza no banal, poesia no ordinário, histórias escondidas nas frestas do cotidiano. E, sem que eu perceba, enquanto capturo pedaços do lado de fora, vou recolhendo também pedaços de mim.
Talvez seja isso: viver é um eterno exercício de foco. De ajustar a lente interna. De entender que nem tudo precisa ser nítido, perfeito ou editado. Porque, no final, são as imperfeições que tornam cada imagem, e cada vida, absolutamente única.
Ahh… como eu amo fotografar. Porque, no fundo, é sobre muito mais do que fotos. É sobre sentir, viver e lembrar que cada instante conta.
“Se você colocar muitos fotógrafos no mesmo lugar, todos farão fotos muito diferentes. Cada um desenvolve sua forma de ver de acordo com sua história.” - Sebastião Salgado
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