Entrevista com o autor Raphael Montes e o ilustrador Marcelo Damm
Na Irmandade das 13, alguns dos blogs participantes entrevistaram autores do gênero terror.
Eu, como resenhei O Vilarejo (Resenha) do autor Raphael Montes, resolvi entrar em contato com ele e também com o Marcelo Damm, o ilustrador do livro, e propor uma entrevista a eles.
Para minha alegria e acredito que para a de vocês também , ambos aceitaram o convite em serem entrevistados. O resultado está abaixo.
Entrevista com: Raphael Montes "O Escritor"
1) O que mais te fascina ao escrever o gênero terror?
O que me fascina na verdade ao escrever, é a violência, que eu acredito que é muito humano. O ser humano é violento, naturalmente alguns mais do que outros, mas todos somos. Então, o terror que eu gosto é desse que esta dentro do ser humano. Essa violência brutal que está escondida por de trás de cada uma das mascaras sociais que nós vestimos.
2) Nesse gênero a imaginação, corre solta, onde busca suas inspirações?
Um escritor nunca sabe de onde vem sua inspiração. Realmente tenho ideias, quase todos os dias, elas vêm de situações e cenas que presencio, e, às vezes de livros. Também de tramas maiores, como filmes e séries. Então é muito complicado, mas acho que vem de tudo mesmo, de uma conversa que a gente escuta, de uma matéria de jornal, um comentário que vejo na internet, de um filme que assisto, de um livro que leio, enfim... da vida!
3) Se arriscaria a escrever outro gênero, sairia de sua zona de conforto?
Não acho que sairia da zona de conforto.
Um escritor tem várias maneiras de sair da zona de conforto, seja na forma de narrar, ou buscando um novo estudo de linguagem, já que se trata de literatura. Sair da zona de conforto não é exatamente mudar de gênero, mas sim, de tentar coisas novas, às vezes dentro do mesmo gênero.
Sobre mudar de gênero, acredito que o gênero que o escritor escolhe, tem muito com sua identidade e com assuntos que lhe interessa. Acho muito difícil, por exemplo, eu escrever uma história romântica, ou que eu vá escrever um livro de fantasia, porque naturalmente meu pensamento não vai nesse sentido. Eu não tenho esse tipo de conexão, de pensar cenário distópicos, coisas assim. O que me interessa muito é a realidade. O ser humano como ele é. E o mundo que a gente vive hoje.
Então, acho que é difícil que eu mude de gênero, nesse sentido, mas os meus livros são cada vez menos policiais clássicos, cada vez menos são terror clássico. São livros que tratam muito mais de questões de suspense, reviravolta e mistérios, do que exatamente uma questão de gênero.
4) No início, que tipo de escritor/livro te influenciou? E agora?
Sou influenciado por tudo que consumo. Até o que leio e não gosto ou vejo e não gosto. Mas com certeza referente ao meu trabalho são: Agatha Christie, Patrícia Reimer, Cornel Uarti, John Christmas e Scott Tour. Gosto muito dos narradores do Machado de Assis, não acho que sejam uma referência forte, mas é sem duvida uma.
Também tenho muita referência de cinema. Tarantino, Os Irmãos Coen, tem bastante com o que eu faço.
5) O que você mais gosta nas suas histórias?
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6) Das suas obras, qual a sua preferida?
Essa é a mais difícil de todas. Porque um pai não escolhe entre seus filhos. Cada um dos meus livros tem coisas que eu gosto e coisas que não gosto. É difícil escolher, Suicidas em relação aos outros tem vantagens, ganha em alguns aspectos, e Dias Perfeitos ganha em outros, e assim vai.
7) Já tem novos projetos? Pode nos contar?
Atualmente estou escrevendo para áudio visual, televisão e cinema. Tenho alguns projetos de televisão, cinema e longa-metragem. Estou escrevendo o próximo romance que sai ano que vem. Mas por enquanto não posso falar muito sobre nenhum, porque nenhum deles está totalmente certo.
Entrevista com: Marcelo Damm"O Ilustrador"
1) Como foi ilustrar o livro do Raphael Montes (O vilarejo?). Por falar nisso, parabéns! É uma das ilustrações mais belas que já vi.
Obrigado! Foi muito, MUITO legal ilustrar o livro do Raphael. Uma história fantástica e sombria, num cenário completamente fora do convencional, que me trouxe muitas possibilidades criativas. Foi um prazer tentar explorar essas possibilidades ao máximo.
2) No geral, de todas suas ilustrações, qual a sua preferida?
Deixa eu pegar o livro aqui... Leviathan, segunda imagem. A do trem.
3) Demorou quanto tempo para terminar todas as ilustrações do livro do Raphael Montes? Você conseguiu captar toda a essência da história, acredito que não tenha sido fácil, mas ficou perfeito.
Essa pergunta é curiosa. A verdade é que demorou muito, muito mesmo, mas por motivos estranhos. Oficialmente esse livro estava rolando há 3 anos (lembro que na época ele estava terminando Suicidas). Mas a minha ideia original de ilustração era algo mais tipográfico, com todo o texto incorporado às imagens e isso não estava funcionando. Daí eu me mudei e o projeto esfriou. Até que a gente se encontrou do nada em janeiro do ano passado, eu falei que estava abandonando a ideia tipográfica e em um ano estava tudo pronto.
4) Como foi trabalhar com Raphael? Ele é muito crítico?
Pior que não. Eu tive toda a liberdade, com alguma sugestões no máximo, do tipo: "MAIS SANGUE!!!"
5) Vocês já se conheciam? Ou esse foi o primeiro contato entre vocês?
A gente se conheceu em 2010, eu acho. Ele participava do clube da leitura (um evento semanal muito bacana, que rola até hoje na Baratos da Ribeiro no Rio) e eu participava de um coletivo chamado Caneta, Lente & Pincel (um coletivo que também continua atuando, que junta artista e escritores pra criar obras conjuntas). Como os dois grupos tinham muito em comum a gente vivia se topando, até que fizemos umas obras conjuntas e surgiu a ideia de ilustrar O Vilarejo.
Sobre mim: a melhor forma de acompanhar o meu trabalho é seguir no Facebook. Lá eu posto vários desenhos meus, fotos de originais, além de postar as artes semanais que eu faço pro Podtrash (um podcast semanal sobre cinema trash).
Portfólio Marcelo Damm: www.behance.net/mdamm
Facebook: www.facebook.com/quemnaosabeescreverdesenha/
Estou muito feliz com essa experiência, amei entrevistar os dois e não poderia ter ficado mais feliz com o resultado.
Espero que vocês gostem tanto quanto eu gostei. E que, se ainda não leram O Vilarejo, leiam! Ele, sem dúvidas é um dos livros mais lindos da minha estante. E se antes já era especial, com essa entrevista se tornou ainda mais.
Imagens: Redes Sociais do autor
Entrevista: Débora Favoreto
Edição: Tatyane Assis
Um cara que é influenciado por Agatha e que pede "mais sangue" ao seu ilustrador tem tudo pra ser sucesso!
ResponderExcluirE um ilustrador que consegue entender o que o escritor quer também está fadado ao sucesso!
O trabalho de ambos é lindo!
Beijos!
Fabi Carvalhais
pausaparapitacos.blogspot.com.br - @pausaparapitacos
Oii, tudo bom? Primeira vez aqui!
ResponderExcluirSó conhecia Rafael Montes através de Dias Perfeitos e admito que estou doida pra ler O Vilarejo, pois só tenho visto resenhas positivas sobre o livro. Concordo com o autor quando ele diz que a violência é uma das coisas existentes mais humanas e acho que o gênero do terror também é um dos gêneros que mostra a natureza mais crua do ser humano e por isso gosto tanto de ler, apesar de que quando chego a noite não consigo pregar um olho, haha.
Gostei bastante do seu blog e já estou seguindo!
Estante de uma Fangirl
Oi Débora!!
ResponderExcluirMenina, ambas as entrevistas fantásticas. Bem, eu iria literalmente pular de emoção em conseguir entrevistar essas duas feras, imagino o quanto ficou feliz. E nós, leitores, ficamos radiantes em poder lê-las.
Amei. Estou louca para ler "O Vilarejo", ficarei de olho nos próximos trabalhos do autor.
Parabéns!!!
Beeijos